Módulo 37. O apogeu da monarquia brasileira e a politica externa
A economia colonial brasileira esteve, desde o seu nascimento, ligada àmão-de-obra escrava. A independência e a instituição do império em nada modificaram a estrutura escravista. Ao contrário, a escravidão ficou mais acentuada.
O problema básico era como manter constante o fluxo de escravos. Como a mortalidade era maior que a natalidade, a tendência era a diminuição do número de escravos. Por isso, a economia colonial precisava comprar cada vez mais escravos.
A Inglaterra e o tráfico negreiro
Até o século XVIII, a Inglaterra havia lucrado e acumulado muito capital com o comércio de escravos,mas no século XIX a situação mudou. Os industriais ingleses, que se desenvolveram com a Revolução Industrial, viam no escravismo um obstáculo para a expansão de novos mercados. Os ingleses achavam que os capitais aplicados na compra de escravos poderiam ser dirigidos para setores mais dinâmicos da economia, como, por exemplo, para a compra de máquinas e de produtos industriais. Além do mais, a escravidão significava um mercado restrito, ou seja, consumia muito pouco. Os ingleses queriam um mercado livre, sem o protecionismo do mercantilismo e do pacto colonial. Por essa razão é que eles combatiam o escravismo, não só em suas próprias colônias das Antilhas, como também em regiões como o Brasil.
Como nos tratados de 1810 D. João já havia se comprometido a extinguir o tráfico, os ingleses sentiram-se com autoridade para iniciar a perseguição aos navios negreiros. A Inglaterra só reconheceu nossa independência com uma nova promessa de extinção, que nunca foi cumprida. Em 1831, formulou-se uma lei bastante ambígua sobre o controle do tráfico. Os escravos continuaram a ser importados. O tráfico continuava e as ações dos navios de guerra contra os navios negreiros cresciam na mesma proporção. A perseguição da Inglaterra aos navios negreiros brasileiros gerou fortes tensões nas relações entre os dois países.
A Lei Eusébio de Queirós
No dia 8 de agosto de 1845, foi aprovada na Inglaterra uma lei que levava o nome de seu autor, a Lei Aberdeen (Bill Aberdeen), que afirmava "(...) será lícito ao alto tribunal do almirantado e a qualquer tribunal de Sua Majestade (...) julgar qualquer que faça o tráfico de escravos africanos (...)". O Brasil protestou contra a ingerência (intervenção) nos assuntos internos de nossa política, mas a Inglaterra não tomou conhecimento.
O Brasil não tinha saída. Seria muito difícil para um país de economia agrária e dependente enfrentar a maior potência mundial da época. O governo brasileiro teve de ceder. No dia 4 de setembro de 1850, foi publicada a Lei Eusébio de Queirós, que levava o nome do ministro da Justiça, pela qual ficava extinto o tráfico de escravos entre o Brasil e a África. O número de escravos importados caiu rapidamente.
As províncias do Nordeste foram as que mais sentiram o fim da importação de mão-de-obra. As províncias do Centro-Sul, que já estavam se dedicando à cafeícultura, conseguiram, num primeiro momento, superar o problema com o tráfico interno de escravos.
Porque não se utilizava da mão-de-obra livre nas lavouras? Essa solução era quase impossível, se pensarmos que os três séculos de escravidão geraram uma pequena oferta de trabalhadores. E mesmo esse pequeno contingente de trabalhadores livres não queria enfrentar uma tarefa que foi sempre "coisa de negro". O trabalho nas grandes lavouras era visto como algo aviltante (que desonra).
A conseqüência mais imediata dessa situação foi que os preços de escravos subiram assustadoramente. Alguns latifundiários sentiam que o trabalho escravo era improdutivo e ensaiavam a introdução de imigrantes como mão-de-obra.
Era Mauá
Barão de Mauá era um político e industrial Brasileiro que promoveu algumas ações com o fim de acelerar o cenário industrial no País.
Esses fatores freavam o crescimento do país, e consequentemente o crescimento da indústria nacional. A preocupação com o comércio e com a industrialização era mínima, e existia um outro fator importante, o escravismo, que dificultava o desenvolvimento da economia.
Essa situação começa a mudar no ano de 1844 quando a produção interna aumenta pelo favorecimento da Tarifa Alves Branco que aumenta o tributo nos produtos importados. Dessa maneira o mercado interno crescia e se consolidava se tornando cada vez mais competitivo com os produtos que vinham do exterior.
Outro fator importantíssimo e que deu um outro rumo à economia brasileira foi o fim do tráfico de escravos, em 1850. Assim o grande investimento foi devidamente feito no setor industrial e comercial.
Podemos citar também que neste mesmo ano, 1844, foi criado o Código Comercial, que era uma ferramenta de regulamentação das transações comerciais.
Esta combinação de fatores favoreceu, e muito, o crescimento da economia brasileira e entre os anos de 1850 e 1889 diversas pequenas fábricas de muitos setores começaram a surgir. Entre as áreas que mais se destacaram estão as que produziam couro, sabão, papel e bens de consumo.
Economia Cafeeira
Origem do café
A produção e o consumo do café tiveram origem entre os árabes, e esse produto era conhecido pelos europeus desde o século
XVI. Seu consumo no Ocidente começou em Veneza, em meados do século XVII, difundindo-se rapidamente. A demanda do novo produto, daí em diante, só aumentou. Já no século XVIII sua produção tinha atingido as Antilhas e, no seguinte, o Brasil, onde em pouco tempo superou todas as culturas tradicionais.
Os investimentos iniciais
Tornando-se um novo e principal produto de exportação a partir do século XIX, o café ocupou, de início, regiões vizinhas da capital brasileira. - o Rio de Janeiro. Ali encontrou uma infra-estrutura já montada, reaproveitando a mão-de-obra escrava disponível em virtude da desagregação da economia mineira.
Além disso, favoreceram enormemente a nova cultura. A abundância de animais de transporte (mulas) e a proximidade do porto, que facilitava o seu escoamento para o exterior. Portanto, sem grandes dificuldades, com os próprios recursos existentes e disponíveis, deu-se o impulso inicial à economia cafeeira.
A superação da crise regencial, a reorientação centralista e conservadora e a conseqüente estabilidade do Império a partir de 1850 encontram-se intimamente relacionadas à economia cafeeira.
Como vimos, a estrutura econômica e social do Brasil não havia sido alterada com a emancipação política e continuava, em essência, tão colonial e escravista quanto fora durante o período colonial. Estruturada para a monocultura, a economia colonial e escravista no Brasil prosperou quando produziu uma mercadoria de grande aceitação no mercado europeu e, também, quando não era ameaçada pela concorrência. Assim aconteceu com o açúcar no passado e agora com o café, em meados do século XIX.
Desenvolvendo-se principalmente no sudeste (Rio, Minas e São Paulo), a cafeicultura forneceu uma sólida base econômica para
o domínio dos grandes proprietários daquela região e favoreceu, enfim, a definitiva consolidação do Estado nacional.
Política Externa do Império
Guerra contra Oribe e Rosas
O conflito entre Oribe e Rosas ocorreu em 1851. Foi uma guerra que envolveu nações da bacia do rio Paraná. Tudo começou quando o líder e presidente da Argentina, Juan Manuel de Rosas, decidiu se unir ao ministro da guerra do Uruguai, Manuel Oribe, com o objetivo de construir um único país.
Tal decisão seria prejudicial aos interesses da França, Império brasileiro e Inglaterra. Assim, o plano de Rosas e Oribe foi duramente combatido e o presidente do Uruguai, Fructuoso Rivera, também era contrário à ideia. Bem como os unitaristas da Argentina.
Ao longo da guerra, o governo do Brasil usou suas áreas estratégicas no rio Paraná e combateu militares argentinos. Depois de algumas abordagens, uma fortalecida tropa do Brasil comandada por Luís Alves de Lima e Silva, junto com a do argentino Justo José de Urquiza, e a uruguaia de Fructuoso Rivera invandiu o território das Províncias Unidas do Rio da Prata, em 1852, na área de Buenos Aires.
Nesse combate, Rosas foi aniquilado, preso e enviado para Londres em navios ingleses.
Questão Christie
Questão Christie foi um dos principais episódios da história da política internacional do Brasil durante o século XIX. Em 1861, o navio britânico Prince of Walles, que tinha como destino a cidade de Buenos Aires, naufragou no litoral do Rio de Janeiro. Após os sobreviventes terem ido procurar as autoridades brasileiras para comunicar o ocorrido, a população local acabou saqueando o navio, roubando roupas, vinhos, azeites, entre outros produtos.
Os ingleses imediatamente procuraram William Christie, embaixador britânico no Brasil, para que o mesmo tomasse as providências cabíveis. Christie exigiu que D. Pedro II fizesse um pedido formal de desculpas e pagasse o valor de 3,2 mil libras esterlinas como forma de indenização pelo ocorrido. Entretanto, o imperador simplesmente não atendeu às reclamações.
Em 1862, um ano após tais acontecimentos, outro incidente envolvendo a Grã-Bretanha tomou forma: completamente bêbados, três oficiais da marinha britânica saíram fazendo arruaças pelas ruas do Rio de Janeiro e acabaram sendo presos. William Christie transformou tal incidente em uma grande questão diplomática. Para o embaixador inglês, a marinha britânica havia sido ofendida com a prisão de seus oficiais e exigiu a punição dos brasileiros responsáveis por tal detenção, reivindicação que novamente não foi atendida por D. Pedro II.
Diante disso, Christie adotou posturas mais enérgicas e ordenou ao vice-almirante Warren o bloqueio do porto do Rio de Janeiro e a prisão de cinco navios brasileiros. Tal fato gerou a indignação da população brasileira, o que fez com que os ingleses recuassem e aceitassem levar a Questão Christie para o arbitramento internacional.
Escolhido para julgar a questão, o rei da Bélgica, Leopoldo I, acabou dando parecer favorável ao Brasil, tendo ordenado que os britânicos devolvessem os navios brasileiros. Contudo, mesmo assim os ingleses não acataram tal decisão, realidade que levou o Brasil a cortar relações diplomáticas com a Inglaterra.
Esta drástica medida do governo brasileiro serviu para por fim ao imbróglio da Questão Christie, uma vez que os ingleses não queriam abrir mão de todo o lucro gerado pela venda de seus produtos para o mercado brasileiro, aspecto que levou a Inglaterra a realizar um pedido formal de desculpas e a reatar suas relações com o Brasil.
Guerra do Paraguai
A Guerra do Paraguai foi um conflito que aconteceu de 1864 a 1870 e colocou Brasil, Uruguai e Argentina como aliados contra o Paraguai. A guerra foi causada pelos diferentes interesses que existiam entre as nações platinas na segunda metade do século XIX. Esses interesses convergiram de forma que Brasil, Argentina e Uruguai aliaram-se e lutaram contra o Paraguai em um conflito que deixou marcas profundas no Brasil e, principalmente, no Paraguai.
Antecedentes
A Guerra do Paraguai foi resultado do processo de formação das nações platinas (Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai) e dos diferentes interesses econômicos e políticos que cada nação possuía durante a segunda metade do século XIX. A relação entre as nações agravou-se durante a disputa de interesses que foi travada na Guerra Civil Uruguaia.
A Guerra do Paraguai foi um assunto que sempre causou fortes divergências entre os historiadores. No entanto, estudos realizados a partir da década de 1990 levaram ao surgimento de uma nova interpretação a respeito das causas do conflito. Esses novos estudos foram realizados a partir de documentação inédita e levaram ao surgimento do que os historiadores chamam de uma nova historiografia do conflito.
As causas da Guerra do Paraguai concentram-se, principalmente, na década de 1860, quando os diferentes interesses defendidos pelo governo paraguaio e brasileiro levaram a desentendimentos que fizeram o Paraguai atacar o Brasil. Esses desentendimentos intensificaram-se a partir da posse de Francisco Solano López como ditador do Paraguai em 1862.
A posse de Solano López fez com que o governo paraguaio se aproximasse de um grupo rebelde argentino conhecido como federalistas. Esse grupo era liderado por Urquiza e concentrava-se nas províncias de Entre Rios e Corrientes. A aproximação do Paraguai com os federalistas possibilitou uma aliança do governo paraguaio com o governo uruguaio, representado pelo partido blanco.
A aproximação paraguaia com os blancos abriu uma possibilidade importante para o Paraguai de utilizar o porto de Montevidéu como saída para o mar, uma vez que não havia possibilidade de os paraguaios utilizarem o porto de Buenos Aires. A aproximação paraguaia com os federalistas desagradou o governo argentino, representado pelo presidente Bartolomé Mitre, e a aproximação paraguaia com os blancos desagradou tanto Argentina como o Brasil.
A tensão entre os governos brasileiro e paraguaio já existia em virtude das negociações a respeito dos direitos de navegação no Rio Paraguai. O governo brasileiro exigia a livre navegação nos rios da Bacia Platina que cortavam o Paraguai, pois era o único meio viável de se alcançar Cuiabá. Além disso, havia uma disputa de território entre os dois países (a disputa era por um pedaço de terra que hoje corresponde ao Mato Grosso do Sul).
A relação entre Brasil e Paraguai azedou de vez quando o Brasil interveio na guerra travada no Uruguai em 1864. O Uruguai, conforme mencionado, era governado pelos blancos – partido político aliado do governo paraguaio. No entanto, a política econômica praticada pelo governo blanco prejudicava os interesses econômicos dos estancieiros gaúchos que atuavam no Uruguai.
Os estancieiros gaúchos passaram a pressionar o governo brasileiro para que se posicionasse em defesa dos interesses dos cidadãos brasileiros no Uruguai. O governo brasileiro passou a apoiar Venancio Flores, líder do partido colorado, adversário político que travava um conflito contra os blancos desde 1863. Além disso, o governo brasileiro indicou que interviria diretamente no conflito a favor dos colorados.
A possibilidade de uma invasão brasileira no Uruguai em favor dos colorados desagradou profundamente o governo paraguaio, que ameaçou atacar o Brasil caso o país interviesse no conflito uruguaio. Essa postura firme do governo paraguaio fazia parte de uma estratégia praticada por Solano López de impor o Paraguai como potência alternativa para rivalizar com Brasil e Argentina.
O governo brasileiro ignorou o ultimato paraguaio e, em setembro de 1864, conduziu a invasão do Uruguai. A ação brasileira contribuiu para destituir o governo blanco e colocar o líder colorado, Venancio Flores, como presidente uruguaio. A ação brasileira irritou o governo paraguaio e, em dezembro do mesmo ano, uma embarcação brasileira foi aprisionada por forças paraguaias e a província do Mato Grosso foi invadida pelas tropas lideradas por Solano López.
Principais acontecimentos
Depois de invadir a província do Mato Grosso, o exército paraguaio rumou na direção da província do Rio Grande do Sul para, em seguida, apoiar os blancos na Guerra Civil Uruguaia. No entanto, o trajeto do exército paraguaio passava pela província argentina de Corrientes. Como a passagem dos paraguaios foi negada pelo governo argentino, por ordem de Solano López, 22 mil soldados paraguaios invadiram a Argentina|1|.
A invasão da Argentina pelas tropas paraguaias aproximou os governos brasileiro e argentino, o que levou à assinatura do Tratado da Tríplice Aliança, no qual Brasil, Argentina e Uruguai (aqui representado pelos colorados) uniram forças para lutar contra Solano López, presidente e ditador paraguaio. O tratado foi oficialmente assinado em 1º de maio de 1865.
Os dois exércitos enviados por Solano López na direção do Rio Grande do Sul foram derrotados e retornaram ao Paraguai em outubro e novembro de 1865. A partir desse momento, a guerra enfrentada pelo exército paraguaio foi para defender seus territórios dos invasores da Tríplice Aliança.
O primeiro grande destaque das lutas travadas na Guerra do Paraguai foi a Batalha Naval de Riachuelo, que ocorreu em junho de 1865. Na batalha de Riachuelo, a Marinha brasileira destruiu quase a totalidade da Marinha paraguaia e, com isso, pôde controlar a navegação dos rios da Bacia Platina, impondo um bloqueio que isolou o Paraguai.
Outra batalha de destaque foi a Batalha de Curupaiti, na qual as tropas da Tríplice Aliança sofreram uma pesada derrota, que custou, pelo menos, a vida de quatro mil soldados. Os fatos que definiram os rumos da guerra ocorreram a partir de 1868, quando a principal fortaleza do país – Humaitá – foi tomada pelas tropas brasileiras. Pouco tempo depois, em janeiro de 1869, a capital paraguaia – Assunção – foi invadida e saqueada.
A Guerra do Paraguai encerrou-se definitivamente quando o ditador paraguaio Francisco Solano López foi morto por soldados brasileiros na Batalha de Cerro Corá, que foi travada em março de 1870. A guerra deixou um grande rastro de destruição no Paraguai e contribuiu para o endividamento do governo brasileiro, além de ter marcado o início da decadência da monarquia do Brasil.
Fonte: http://histoblogsu.blogspot.com/2009/06/o-apogeu-do-imperio-brasileiro.html
Fonte: https://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/era-maua
Fonte: http://historiabruno.blogspot.com/2015/09/brasil-e-o-imperio-do-cafe.html#ixzz5JOlMRq49
Fonte: https://www.colegioweb.com.br/guerras/guerra-contra-oribe-e-rosas.html
Fonte: http://www.historiadetudo.com/questao-christie
Fonte: https://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/guerra-do-paraguai.htm
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