Módulo 45. 1ª República (Panorama Econômico)
Funding Loan
No começo do governo republicano, a economia brasileira foi alvo de um violento processo inflacionário gerado pelo Encilhamento. Ainda sob o comando do Marechal Deodoro da Fonseca, o governo facilitou o acesso ao crédito e permitiu que os bancos produzissem papel-moeda. Dessa forma, vários especuladores buscaram o uso desses recursos financeiros disponíveis sem oferecer uma garantia de retorno aos bancos credores.
A emissão facilitada de crédito e a falta de investimentos causaram uma enorme crise marcada pelo disparo dos índices inflacionários e a elevação do custo de vida. Dessa forma, o país viveu uma grave recessão e não tinha recursos suficientes para investir nos setores mais significativos da economia nacional. Os efeitos dessa grave crise econômica foram sentidos de maneira diversa pela população. Nesse quadro, o presidente Campos Salles recebeu uma proposta de “funding loan” dos bancos londrinos.
Essa alternativa econômica já era experimentada na Argentina, que remanejou a sua dívida externa por meio de um funding loan no valor de quinze milhões de libras, com juros de 6%. Em troca, os argentinos ofereceram como garantia o repasse de todo o lucro gerado pelos impostos alfandegários e serviços ferroviários. Além disso, o país se comprometia a não contrair outros compromissos financeiros e realizar um projeto de saneamento das finanças.
No caso brasileiro, o nosso funding loan seria de dez milhões de libras e seria bancado pelo repasse das divisas geradas pelo serviço de abastecimento de água da cidade do Rio de Janeiro, da Estrada de Ferro Central do Brasil e todos os impostos recolhidos na alfândega brasileira. Paralelamente, o governo brasileiro deveria se comprometer a combater a inflação e retirar a grande quantidade de papel-moeda que sustentava a desvalorização da moeda nacional.
O pagamento das dívidas só aconteceria após o cumprimento de um prazo de folga inicial. Por três anos o Brasil usufruiria dos recursos sem ter que pagar nenhuma parte da dívida contraída. A partir do terceiro ano, o país começava a pagar os valores referentes somente aos juros da dívida. Dez anos depois, esperando uma recuperação da economia, o governo brasileiro começaria a pagar as parcelas que representavam o pagamento do empréstimo.
Apesar de ser uma alternativa viável, o funding loan contraído em 1898 foi mais uma vez utilizado pelo governo brasileiro nos anos de 1914 e 1931. Dessa forma, observamos que, mesmo com o visível processo de dinamização e crescimento do mercado, a busca por outros empréstimos se repetiu. Ao invés de funcionar como uma oportunidade de ajuste fiscal e financeiro, o funding loan acabava somente deixando para depois a resolução dos urgentes problemas que afligiam a economia nacional.
Economia Cafeeira
No início da República, o plantio de café aumentou de forma significativa. A área cafeeira do Vale da Paraíba estava em decadência desde o final do Império, devido à devastação dos solos que provocara a queda da produtividade e a desvalorização das terras.
Muitos fazendeiros da região transferiram seus capitais para o Oeste Paulista, onde as condições de relevo, clima, pluviometria e fertilidade do solo eram melhores para a produção do café. Além das condições geográficas favoráveis, as técnicas de plantio e beneficiamento na região do Oeste Paulista eram mais modernas, o que aumentava a produtividade.
Pouco antes da proclamação da República, São Paulo já era a primeira Província produtora de café. O Rio de Janeiro, até então o principal produtor, entrou em decadência, sendo superado por Minas Gerais em 1896 e pelo Espírito Santo em 1928. Minas, o segundo produtor, manteve uma linha de crescimento estável e lenta.
O crescimento da produção cafeeira entre 1888 e 1895 estava ligado ao aumento dos preços no mercado internacional, que até então se mantinham estáveis e relativamente altos. Em 1896 houve uma safra recorde de 14 milhões de sacas e o preço do café caiu; a queda continuou no ano seguinte. Os baixos preços do café tornavam a balança de pagamentos desfavorável, o que impossibilitava o governo de saldar as dívidas com os credores estrangeiros.
Política de Valorização do Café – Convênio de Taubaté
Essa foi uma fórmula encontrada pelo governo republicano para beneficiar os cafeicultores em momentos de crise. Quando o preço do café abaixava muito, o governo federal comprava o excedente de café e estocava. Esperava-se a alta do preço do café e então os estoques eram liberados. Esta política mantinha o preço do café, principal produto de exportação, sempre em alta e garantia os lucros dos fazendeiros de café.
Isso se chamou “política de valorização do café”. O Convênio de Taubaté foi a primeira intervenção do Estado na economia em benefício dos produtores de café.
Medidas
Segundo o que ficou estabelecido no chamado Convênio de Taubaté, o governo brasileiro compraria o excedente da produção de café para que a quantidade disponível no mercado fosse suficiente para garantir o preço do produto elevado. Isto garantia o lucro dos cafeicultores, que mesmo no momento de crise continuaram produzindo em larga escala.
A medida foi adotada pelo governo brasileiro e criou novos problemas. Para garantir a compra do produto o Estado brasileiro precisou contrair vários empréstimos para dar conta da aquisição do produto até 1924, quando foi criado o Instituto do Café de São Paulo que realizava a aquisição de forma indireta. Além disso, a execução de tal política fez com que se estendesse uma cultura econômica baseada em um único produto na pauta de exportação.
O Convênio de Taubaté fez com que o ciclo cafeeiro permanecesse no Brasil até a crise de 1929 que abalou a bolsa de valores de Nova York e teve consequências no mundo todo.
Ciclo da Borracha
O Ciclo da Borracha corresponde ao período da história brasileira em que a extração e comercialização de látex para produção da borracha foram atividades basilares da economia.
De fato, ocorreram na região central da floresta amazônica, entre os anos de 1879 e 1912, revigorando-se por pouco tempo entre 1942 e 1945.
Neste período, conhecido como “Belle Époque Amazônica” que vai de 1890 a 1920, cidades como Manaus, Porto Velho e Belém, tornaram-se as capitais brasileiras mais desenvolvidas, com eletricidade, sistema de água encanada e esgotos, museus e cinemas, construídos sob influência europeia.
Contudo, os dois períodos de “ciclos da borracha” acabaram de maneira repentina, o que se agravou pela falta de políticas públicas para desenvolvimento da região.
Primeiro Ciclo da Borracha
Em 1877, mais de 70 mil sementes de seringueiras do Pará são contrabandeadas para Inglaterra, num escandaloso caso de biopirataria. Este fato marca o início deste primeiro ciclo.
Em 1903, o governo brasileiro, em negociação com o governo boliviano, adquire oficialmente o controle do Estado do Acre, mediante o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas, da entrega de territórios do Mato Grosso e da construção de uma ferrovia para escoar os produtos da Amazônia.
Assim, as obras para construção da ferrovia tiveram início em 1907 e foram concluídas em 1912, resolvendo o problema de navegação do rio Mamoré, com mais de vinte cachoeiras.
Contudo, a estrada de ferro Madeira-Mamoré entrou em decadência na década de 1930 e foi desativada em 1972.
Em 1910, tem início a concorrência da Hevea brasiliensis plantada na Ásia, utilizando aquelas sementes contrabandeadas décadas antes e produzindo a custos muito inferiores aos da mata nativa no Brasil.
Isso provoca uma queda brusca no preço do látex, tornando impossível a exploração comercial da borracha amazônica. Com isso, a fabricação de borracha brasileira entra em crise, paralisando a economia nas regiões produtoras.
Segundo Ciclo da Borracha
Por sua vez, o “segundo Ciclo Da Borracha” ocorreu entre os anos de 1942 a 1945, durante o contexto da Segunda Guerra Mundial. Em 1941, o governo brasileiro fez um acordo com o governo norte americano para extração de látex na Amazônia.
Desse modo, quando os japoneses invadiram a Malásia em 1942, tomando o controle dos seringais, os EUA, por meio de seu Departamento de Guerra, repassou mais de 100 milhões de dólares ao Brasil em troca de artigos necessários à defesa nacional, dentre eles, a borracha.
A comoção foi tanta, que foi preciso a criação de um Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia, instituído em 1943 para o alistamento compulsório, especialmente de nordestinos que sofriam com a seca. Este evento ficou conhecido como a “Batalha da Borracha”, a qual mobiliza mais de 100 mil “Soldados da Borracha”.
Por fim, a borracha sintética produzida após a Segunda Guerra, destroem qualquer pretensão comercial da borracha amazônica, a qual irá definhar até 1960. Atualmente, São Paulo é o maior produtor brasileiro de borracha natural.
Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/funding-loan.htm
Fonte:
https://professoravanini.wordpress.com/2012/04/14/economia-cafeeira-primeira-republica/
Fonte: http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/convenio-de-taubate/
Fonte: https://www.todamateria.com.br/ciclo-da-borracha/
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