Módulo 31. Congresso de Viena e a Era das Revoluções no século XIX
Congresso de Viena
O Congresso de Viena ocorreu entre 1814 e 1815 e reorganizou as Europa após as guerras Napoleônicas e foi considerado o tratado mais abrangente do continente até então. O encontro de líderes marcou o estabelecimento de uma nova ordem política, territorial e jurídica para a Europa.
Os trabalhos findaram pouco antes da Batalha de Waterloo, a última campanha de Napoleão, marcando sua derrota. Além de remodelar o mapa europeu, no Congresso de Viena foram tomadas decisões impactaram diretamente no Brasil, como a entrega da Guiana para a França e o decreto de que o modelo de exploração de escravos era incompatível com o mundo atual. O mapa europeu definido no congresso durou até o início da Primeira Guerra Mundial.
Antecedentes
Os governos da Áustria, Prússia, Rússia e Grã Bretanha concluíram uma aliança em março de 1814 e juntos representavam o principal instrumento da derrota de Napoleão. O tratado de Chaumont foi assinado em 9 de março de 1814, um mês antes da primeira abdicação ao trono do francês.
Posteriormente a convite das potencias vitoriosas, assinaram aderiram ao tratado, que celebrava a paz, a França, Suécia e Portugal (9 de março de 1814) e a Espanha em 20 de julho. O tratado estabelecia que todos os governos deveriam enviar representantes plenipotenciários para um congresso que seria realizado em Viena.
Disputas
Embora todos os governos estivessem representados, ficou decidido que as quatro nações: Áustria, Prússia, Rússia e Grã Bretanha seriam responsáveis pela decisão do futuro de todos os territórios conquistados. Diante a reação dos demais países, a abertura do congresso, prevista para 24 de setembro, só ocorreu em novembro.
As prioridades do Congresso de Viena foram a definição das questões territoriais do pós-guerra, a remodelação dos estados alemães, da Europa Central, a definição de novas fronteiras para a Itália e a transferência do governo central da Escandinávia. Além das questões territoriais, era preciso definir como ficaria o direito dos judeus alemães, a abolição do uso da mão-de-obra escrava e a navegação dos rios europeus.
Um Novo Sistema Político Europeu
Havia, ainda, a necessidade de definição de questões diplomáticas importantes, como a restauração da família Bourbon na França, Espanha e Nápoles; o estabelecimento de uma nova constituição par a Suíça e a fundação de um novo Estado, a Alemanha. Por conta da substituição do Sacro Império Romano.
As nações participantes precisaram criar um novo sistema político europeu, considerando que o anterior fora assinado um século antes, em 1713, denominado Tratado de Utrecht. Diante das questões, entre 1815 e 1822, foi criada uma nova ordem baseada na cooperação de estados, modelo que aparecera pela primeira vez na história. O sistema funcionava por meio de um ciclo multilateral de conferências regulares em várias cidades europeias.
O novo sistema precisava encontrar respostas para a quebra de fronteiras e instituições políticas ocorridas em consequência das guerras napoleônicas. Neste ponto, a paz foi acordada como antídoto para o continente.
Principais decisões do Congresso de Viena
Entre as principais decisões do Congresso de Viana estão a reorganização territorial, a definição de uma constituição para os estados alemães, o cerceamento da França como forma de evitar novas guerras e o estabelecimento da paz entre as nações.
O Comércio de Escravos
Em fevereiro de 1815, o Congresso de Viana condenou o tráfico de escravos por incompatibilidade com a civilização e os direitos humanos.
Impacto na Grã-Bretanha
A Grã-Bretanha recebeu os territórios de Malta, Heliogaland e as Ilhas Jônicas. A partir da França, recebeu Ilhas Maurício, Tobago e Santa Lúcia. Por parte da Holanda ficou com Ceilão e da Espanha com Trinidad.
Impacto na Prússia
Dos estados alemães, a Prússia recebeu metade da Saxônica, o Grão-ducado de Berg, parte do Ducato da Westphalia, o território da margem esquerda do Reno - entre Koblens e Elken - incluíndo Colônia, Treves e Aix-la-Chapelle. A Prússia também ficou com parte da Pomerânea sueca e anexou territórios poloneses.
Impacto na Áustria
A Áustria recebeu da Itália Veneza, Lombardia e Milão, além de três províncias da Ilíria, Dalmácia, do porto de Cattaro. Também foram anexados à Áustria a Galiza, da Polônia; Tirol e Salzburgo foram repassados dos territórios alemães.
Impacto nos Estados Alemães
Pelo ato do Congresso de Viena, assinado em 8 de junho de 1815, e finalizado em 15 de maio de 1820, foi criada a Confederação Alemã em substituição ao antigo Sacro Império Romano. Assim, a quantidade de estados alemães passou de 300 para 39. Cada estado deveria ser independente e, apesar de haver guerras entre eles, a beligerância foi proibida.
A Bavária recebeu a Baviera, que se estendida a partir do território da Prússia no Reno ara Alsace, incluindo a cidade de Mainz. Hannover tornou-se um reino e recebeu a Frísia Oriental e Hildesheim.
Impacto na Rússia
A Rússia recebeu da Polônia a maior parte do Grão-Ducado da Varsóvia. A Cracóvia tornou-se um território livre, sob a proteção de Rússia, Áustria e Prússia. A Finlândia, a Suécia e a Bessarábia foram mantidas como território russo.
Impacto na Itália
Na Itália, Ferdinand IV foi reconhecido como rei das duas Sicílias; o Papa recebeu a Legação de Bolonha e Ferrara, mas lhe foi recusada a restauração de Avignon. Toscana foi designada para o Grão-Duque Ferdinand, que era tio do imperador Francis. Modena foi destinada ao arquiduque Francois D'Este. Parma, Piacenza e Guastella foram concedidas para a Imperatriz Marie Louise e o Reino da Sardenha ficou com Genoa.
Impacto nos Países Baixos
Aos Países Baixos ficaram a Holanda, Áustria e Bélgica. O rei dos Países Baixos foi feito Grão-Duque de Luxemburgo e integrado como membro da Confederação Alemã.
Impacto na Suíça
Os 19 cantões existentes até então na Suíça foram aumentados para 22 com a adição de Genebra, Wallis e Neuchatel. A Suíça foi transformada em uma confederação de cantões independentes com a neutralidade garantida pelas grandes potências. É este o modelo vigente hoje naquele país.
Suécia e Dinamarca
A Suécia manteve a Noruega, que fora cedida pela Dinamarca no acordo de 14 de janeiro de 1814, denominado Paz de Kiel. Já à Dinamarca foi garantida a indenização com o território de Lauenburg e aos noruegueses a posse de direitos.
Espanha e Portugal
A Espanha perdeu Trinidad e Portugal a Guiana Francesa.
França
A França recebeu a Guiana Francesa, de Portugal; Guadalupe, da Suécia; Martinica e Ilha de Borbon, da Grã-Bretanha.
Santa Aliança
A Santa Aliança foi um acordo militar realizado em 1815 entre as grandes potências monárquicas europeias Áustria, Prússia, Grã-Bretanha e Rússia, após o Congresso de Viena.
Resumo
O tratado da Santa Aliança foi assinado no dia 26 de setembro de 1815, em Paris.
A proposta da formação partiu do czar da Rússia Alexandre I. No cerne do acordo estavam a manutenção e propagação dos "ideais da Justiça e da fé cristã".
Os princípios religiosos que embasaram o tratado escondiam a intensão dos monarcas de manter o absolutismo como filosofia de Estado. O absolutismo era o sistema de poder dominante na Europa.
Objetivos
Os objetivos eram, também, reprimir os movimentos liberais que arriscassem o equilíbrio europeu, a política de restauração e a legitimidade europeia.
O pacto foi assinado pela Áustria, Prússia, Grã-Bretanha e Rússia. A França aderiu aos princípios do acordo militar em 1818.
Entre as principais ações da Santa Aliança estiveram:
- 1819 – sufocamento da ação de rebeldes que tentaram a Alemanha
- 1821 e 1822 – envio de tropas para Nápoles e Espanha com objetivo de combater os liberais que lutavam contra o absolutismo monárquico
- Planejamento de ações militares para a retomada das colônias americanas e restaurar o antigo processo de colonialismo
Fim da Santa Aliança
Os lucros obtidos pela Grã-Bretanha com o comércio com as Américas foi o principal entrave à Santa Aliança.
As ações intervencionistas nas Américas iriam ferir os acordos já firmados com a Inglaterra, que se retirou da aliança.
O fortalecimento dos Estados Unidos também desmotivou a continuidade da ação intervencionista militar na América. Em 1823 foi proclamada a Doutrina Monroe, cujo lema era "América para os americanos".
O cerne da doutrina, encabeçada pelos Estados Unidos, era impedir intervenção de nações europeias nos países americanos sob a condição de embate militar.
Os intentos da Santa Aliança também foram sufocados dentro da própria Europa, com a substituição do absolutismo pelo parlamentarismo em diversos países.
AS REVOLTAS LIBERAIS DO SÉCULO XIX
O século XIX foi na Europa um período de revoltas e revoluções. Cada um desses momentos teve motivações particulares. Mas todos foram, há um tempo, fruto das mudanças sociais, econômicas e politicas ocorridas no período anterior e uma resposta à restauração das monarquias promovidas pelo Congresso de Viena. A restauração da velha ordem significava autoritarismo e repressão. Contra elas se insurgiram as novas forças sociais surgidas com a Revolução Industrial e influenciadas pelos ideais da Revolução Francesa. Essas forças eram a burguesia liberal, o proletariado e as camadas médias urbanas. Todas elas exigiam mais liberdade. No caso do proletariado, reivindicavam também mais igualdade.
Os Anos de 1820 e as Revoluções de 1830
As revoluções que eclodiram entre 1820e 1830, foram pautadas por fortes componentes liberais e, em alguns casos também nacionalistas. De modo geral, esses movimentos, caracterizados por alguns historiadores de “primeira onda revolucionária”, foram conspirações militares ou movimentos promovidos por organizações secretas que, em sua maioria acabaram sufocados por forças governamentais. Em destaque a Revolução Liberal do Porto que resultou na aprovação da primeira Constituição portuguesa e obrigou o rei D. João VI que estava no Brasil desde 1808 a retornar para Portugal.
A primeira onda revolucionária não chegou a abalar a monarquias europeias. No entanto a “segunda onda revolucionária” (1830) provocou impacto muito mais profundo, principalmente na França. Após a morte de Luís XVIII, em 1824, o país passou a ser governado por Carlos X. De formação ultraconservadora, o novo rei tentou restabelecer o absolutismo, dissolvendo a Assembleia e impondo censura à imprensa. Em julho de 1830, a população de Paris se revoltou, erguendo barricadas e enfrentando as forças do governo. Depois de três dias de combates nas ruas, Carlos X foi deposto. Em seu lugar subiu ao trono Luís Filipe, duque de Orleans. A queda de Carlos X na França estimulou uma nova onda de revoltas em diversas regiões da Europa. A Bélgica libertou-se da Holanda, na Polônia insurgiu um movimento nacionalista contra o domínio russo. Na península itálica eclodiram levantes liberais e nacionalistas contra o domínio austríaco.
A Terceira Onda Revolucionária
Uma no crítico. Assim pode ser definido 1848 na Europa. No campo, uma sucessão de más colheitas iniciada em 1845 tornava dramática a vida da população. Nas cidades, atingidas pela fome e pelo desemprego, a situação das camadas mais pobres da população não era melhor. Nessas circunstancias, manifestações e protestos não tardaram em acontecer. Em 1846, na Galícia austríaca (hoje parte da Polônia) eclodiu uma grande revolta camponesa: em uma só noite, cerca de mil aristocratas foram mortos pela população enfurecida.
Na França, o descontentamento social logo assumiu a forma de revolução. Em fevereiro de 1848, manifestações populares em Paris, seguidas de combates nas ruas, levaram a abdicação do rei Luís Filipe e a proclamação da Segunda República. Formou-se então um governo provisório de maioria burguesa que convocou eleições para uma Assembleia Constituinte. Em junho manifestações operárias reivindicando melhores condições de vida foram violentamente reprimidas pelo governo. Rompia-se assim a aliança entre burguesia liberal, agora no poder, e a classe trabalhadora influencia pelo socialismo. Em dezembro Luís Bonaparte (sobrinho de Napoleão) venceu as eleições presidenciais. Em 1851, ele daria um golpe de Estado autoproclamando-se imperador, com o titulo de Napoleão III, pondo fim à segunda república. Apesar disso, os acontecimentos na França repercutiram por toda a Europa e pelas aspirações que a animavam, essa onda revolucionária ficaria conhecida como Primavera dos Povos.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/congresso-de-viena/
Fonte: https://www.todamateria.com.br/santa-alianca/
Fonte: http://f1colombohistoriando.blogspot.com.br/2013/05/6as-revoltas-liberais-do-seculo-xix.html
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